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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

A Faxina





Estava precisando fazer uma faxina em mim...
Jogar fora alguns pensamentos indesejados,
Tirar o pó de uns sonhos,
lavar alguns desejos que estavam enferrujando...

Tirei do fundo das gavetas lembranças que não uso
e não quero mais.
Joguei fora ilusões, papéis de presente que nunca usei,
sorrisos que nunca darei...

Joguei fora a raiva e o rancor nas flores murchas
Guardadas num livro que não li.
Peguei meus sorrisos futuros e alegrias pretendidas
e as coloquei num cantinho, bem arrumadinhas.

Fiquei sem paciência!
Tirei tudo de dentro do armário e fui jogando no chão:
paixões escondidas, desejos reprimidos, palavras horríveis
que nunca queria ter dito, mágoas de uma amiga sem gratidão,
lembranças de um dia triste...

Mas lá havia outras coisas... belas!!!
Uma lua cor de prata... os abraços...
aquela gargalhada no cinema, o primeiro beijo...
o pôr do sol... uma noite de amor .

Encantada e me distraindo, fiquei olhando aquelas lembranças.
Sentei no chão,
Joguei direto no saco de lixo os restos de um amor que me magoou.
Peguei as palavras de raiva e de dor que estavam na prateleira de cima -
pois quase não as uso - e também joguei fora!

Outras coisas que ainda me magoam, coloquei num canto para depois
ver o que fazer, se as esqueço ou se vão pro lixo.
Revirei aquela gaveta onde se guarda tudo de importante:
amor, alegria, sorrisos, fé…..

Como foi bom!!!

Recolhi com carinho o amor encontrado,
dobrei direitinho os desejos,
perfumei na esperança,
passei um paninho nas minhas metas
e deixei-as à mostra.

Coloquei nas gavetas de baixo lembranças da infância;
em cima, as de minha juventude,
e...
pendurado bem à minha frente,
coloquei a minha capacidade de amar... e de recomeçar...


Martha Medeiros

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O Silêncio




Aprenda com o silêncio a ouvir os sons da sua alma...
Aprenda com o silêncio a respeitar a opinião dos outros,
por mais contrária que seja da sua.
Aprenda com o silêncio a reparar nas coisas mais simples,
valorizar o que é belo, ouvir o que faz algum sentido,
evitar reclamações vazias e sem sentido.

Aprenda com o silêncio que a solidão não é o pior castigo,
existem companhias bem piores...
Aprenda com o silêncio que tudo tem um ciclo,
como as marés que insistem em ir e voltar, os pássaros que migram
e voltam ao mesmo lugar, como a terra que faz a volta
completa sobre o seu próprio eixo.

Aprenda com o silêncio a respeitar a sua vida, valorizar o seu dia,
enxergar em você as qualidades que você possui, equilibrar os defeitos
que você tem e sabe que precisa corrigir...
Aprenda com o silêncio a respeitar o seu "eu", a valorizar o ser humano que você é,
a respeitar o templo que é o seu corpo e o santuário que é a sua vida.

E neste momento eu me calo.
Para que você possa ouvir o seu interior que confirma que você é especial.

Paulo Roberto Gaefke





quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Não sou Amélia !




Amélia que era mulher de verdade. 
Eu sou apenas uma mulher. 
E gostaria de reinvindicar o direito de sê-lo.

Sou vaidosa. Uso baton pra dar cor à minha vida. 
Maquiagem para parecer mais bonita.

Não faço tudo com perfeição; alguns fios de cabelo branco, 
apesar de todas as tentativas para evitá-los, aparecem. 
Uso cremes pra retardar o envelhecimento e se à noite tenho 
dores de cabeça é porque me sinto cansada.

Nem sempre estou disponível e pronta e cometo erros. 
Me engano, como qualquer outro ser humano normal. 
Gosto de roupas, sapatos, jóias, perfumes e flores. 
Um minuto de atenção me faz ganhar todo o dia.

Sou sensível, fraca, frágil. Sou forte quando preciso. 
Minha única busca: o amor e tudo o que dele resulta: 
crianças, trabalho, dia-a-dia e felicidade. 

Mas vou além: quero segurança, andar de mãos dadas, 
ser pega no colo e ser chamada de rainha.

Minhas lágrimas me traem quando menos espero. 
E desespero. Detesto a solidão, a falta de atenção. 
Sou impaciente e não gosto de esperar.

Não quero ser objeto e nem ter dono. 
Sou capaz, por mim mesma, amando, 
de me entregar de todo e ser fiel. 
Sem amarras, simplesmente por amor.

Posso ferir, como todas as rosas. 
Mas perfumo também, dou encanto. 
Ilumino o amor como só as mulheres sabem fazer. 
Compenso, se assim posso dizer.

Há sempre um preço para a felicidade e 
tocar nela é aceitar pagar esse preço.

Sou uma Amélia dos tempos modernos. 
Mais independente, sabendo o que quer. 

E o que quero é ser eu mesma.


Letícia Thompson

domingo, 2 de dezembro de 2012

Teoria do Biscoito




Uma vez minha vó me disse que homem é igual a biscoito: vem um, vêm 18.
Eu devia ter uns 15 anos e achei graça. Mas só hoje, 14 anos depois,
do alto da minha solteirice, eu compreendi tudo sobre essa teoria,
e vi que vovó tinha razão.

Funciona assim: quando a gente tá carente, sozinha, solteira,
e sai ligando pra todos os paqueras, ex-namorados,
rolos e afins, ninguém te quer, não é?

Pois é. Essa é a primeira fase: tocos em profusão.
Na segunda fase,
a gente resolve que não precisa de homem nenhum pra ficar bem,
e aí aparece um só pra contradizer nossa certeza de auto-suficiência.
Vem todo carinhoso, romântico, paparicante...
A gente baixa a guarda, começa a sair com o cara,
percebe que ele é interessante, resolve ver no que dá.
Vai saindo, conhecendo, ficando... E aí o que acontece?
Entra na fase 3: a Teoria do Biscoito.

Chega um momento em que tu sente que a historinha tá evoluindo pra
um possível compromisso, que está gostando daquele carinha,
mesmo que ele não seja o príncipe encantado que sempre
habitou seu imaginário de mulherzinha.

Só que aí, neste exato momento,
TODOS os outros que te dispensaram antes começam a te ligar.
Parece que eles farejam no ar, que combinam entre si.
Acho que a gente deve exalar algum cheiro diferente que,
 interpretado pelo cérebro masculino, diz "eu encontrei alguém,
não estou disponível".
Imediatamente, você se torna o objeto de cobiça de todos eles.
Talvez justamente por estar radiante, feliz e não-disponível.

 Aí rola aquela seqüência inacreditável de acontecimentos fantásticos.
Você tá na vernissage com seu novo pretendente
e aquele gatinho que você beijou
a dois meses e nunca mais deu notícias começa a te ligar.
Você vai pra boate sozinha (no dia que seu gatinho resolve ficar em casa
descansando) e encontra aquele clone do Rodrigo Santoro,
que namorava sua colega de serviço na década passada, e ele te olha,
te acha linda e quer ficar com você. E aquele outro,
que era seu sonho de consumo como namorado perfeito, partidão,
mas que sempre te esnobou, começa a te ligar quase diariamente:
chama pro cinema, chama pro showzinho,
liga para perguntar o que tu tá fazendo,
pra te falar do disco novo que comprou,
liga só pra ouvir a tua voz...

Tem gente que acha isso o paraíso.
Mas na boa, eu acho que só serve pra atrapalhar.
Porque, como mulherzinha do bem que sou,
eu só quero essa penca de homens
me ligando quando tô na guerra, que é pra poder escolher.

Mas depois que eu resolvo sossegar com um,
não quero que ninguém fique me ligando pra semear a discórdia
e a dúvida na minha mente.

Mas o babado é resistir às tentações.
De repente, com tantos homens fantásticos te ligando,
tu começa a olhar pro seu pretendente atual
e a achar que ele não é tão bonito quanto o fulano,
nem tão alto e gostoso como o beltrano,
nem carinhoso e bem-humorado como o cicrano.

Você questiona se não está com ele por pura carência,
porque ele apareceu num momento de falta de opções no mercado.
E essa é a grande cilada. Muitas não resistem.
Dispensam o gatinho atual e tentam administrar todos os outros.
Eu já fiz isso.

Aí a Teoria do Biscoito entra na fase final:
a de que quem come o pacote inteiro tem indigestão.
Fica sem ninguém. Todos somem e você fica sozinha,
se perguntando como foi que deixou escapar aquele carinha
tão legal com quem estava saindo, só por capricho.
Eu não sei se funciona assim para todas as pessoas.

Mas eu decidi que agora vou dizer um sonoro "não, obrigada"
para toda a fila de negrescos com super-cobertura,
e ficar sim com aquele que não é negresco,
mas é bono de chocolate.
Que não é brastemp super-ultra-mega-estrelinha-plus,
mas é consul-slim e se encaixa direitinho na minha casa.
Que não é o príncipe encantado, lindo, maravilhoso, perfeito,
em cima do cavalo branco, mas que é um cara real, de carne e osso,
que está do meu lado e quer ficar comigo.
Quem me diverte e me agrada, e gosta das mesmas músicas que eu,
e gosta de dançar música trash dos anos 80,
que me apresenta pros amigos sem nenhuma cerimônia,
que fica bolando pequenas surpresas pra me fazer e que é,
sim, muito lindinho à sua maneira.
Simples assim.



Se não der certo, não deu.
Faz parte da vida.
Mas eu não preciso comer o pacote inteiro de negresco
pra saber que um bono de chocolate me satisfaz.


Martha Medeiros
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