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quarta-feira, 29 de maio de 2013

"Ir Levando"



O que é “ir levando”? 

Ir levando é ter medo de viver.

É o vigiar a forma como os outros vivem, 

é o se deixar dominar pela pressão, 

perambular por consultórios médicos, 

tomar remédios multicoloridos, 

afastar-se do que é gratificante, 

observar decepcionado cada ruga nova que o espelho mostra,

é se aborrecer com o calor ou com o frio, 

com a umidade, com o sol ou com a chuva. 

Ir levando é adiar a possibilidade de desfrutar o hoje, 

fingindo contentar-se com a incerta e frágil ilusão de que 

talvez possamos realizar algo amanhã.

Por favor, não se contente com “ir levando”. 

O trágico não é morrer. 

Afinal a morte tem boa memória e nunca se esqueceu de ninguém.

O trágico é não se animar a viver.


Jorge Bucay

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Precisa-se



O tempo, de vento em vento, 
desmanchou o penteado arrumadinho 
de várias certezas que eu tinha,
e algumas vezes descabelou completamente a minha alma. 
Mesmo que isso tenha me assustado muito aqui e ali, 
no somatório de tudo, foi graça, alívio e abertura. 
A gente não precisa de certezas estáticas. 
A gente precisa é aprender a manha de saber se reinventar. 
De se tornar manhã novíssima depois de 
cada longa noite escura. 
De duvidar até acreditar com o coração isento 
das crenças alheias. 
A gente precisa é saber criar espaço, 
não importa o tamanho dos apertos. 
A gente precisa é de um olhar fresco, 
que não envelhece, apesar de tudo o que já viu. 
É de um amor que não enruga, 
apesar das memórias todas na pele da alma. 
A gente precisa é deixar de ser sobrevivente para, 
finalmente, viver. 
A gente precisa mesmo é aprender a ser feliz 
a partir do único lugar onde a felicidade pode começar, 
florir, esparramar seus ramos,compartilhar seus frutos...

Ana Jácomo

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Perguntas



Quantas vezes você andava na rua e sentiu um perfume 
e lembrou de alguém que gosta muito?
Quantas vezes você olhou para uma paisagem em uma foto, 
e não se imaginou lá com alguém...
Quantas vezes você estava do lado de alguém, 
e sua cabeça não estava ali?
Alguma vez você já se arrependeu de algo que falou 
dois segundos depois de ter falado?
Você deve ter visto que aquele filme, 
que vocês dois viram juntos no cinema, 
vai passar na TV... 
E você gelou porque o bom daquele momento já passou... 

E aquela música que você não gosta de ouvir porque lembra algo 
ou alguém que você quer esquecer mas não consegue?
Não teve aquele dia em que tudo deu errado, 
mas que no finzinho aconteceu algo maravilhoso?
E aquele dia em que tudo deu certo, 
exceto pelo final que estragou tudo?
Você já chorou por que lembrou de alguém que amava 
e não pôde dizer isso para essa pessoa?
Você já reencontrou um grande amor do passado 
e viu que ele mudou?
Para essas perguntas existem muitas respostas...
Mas o importante sobre elas não é a resposta em si...
Mas sim o sentimento...
Todos nós amamos, erramos ou julgamos mal...
Todos nós já fizemos uma coisa quando o coração mandava fazer outra...
Então, qual a moral disso tudo?
Nem tudo sai como planejamos portanto, uma coisa é certa...
Não continue pensando em suas fraquezas e erros, 
faça tudo que puder para ser feliz hoje!
Não deite com mágoas no coração.
Não durma sem ao menos fazer uma pessoa feliz!
E comece com você mesmo!!!


Martha Medeiros

domingo, 5 de maio de 2013

O Amor



"O que me interessa no amor, 
não é apenas o que ele me dá, 
mas principalmente, o que ele tira de mim:
a carência, a ilusão de autossuficiência, 
a solidão maciça, a boemia para suprir vazios. 

Ele me tira essa disponibilidade eterna para qualquer um, 
para qualquer coisa, a qualquer hora. 

Ele apazigua o meu peito com uma lista breve de 
prós e contras e me dá escolhas. 
Eu me percebo transformada pelo que o amor tirou de mim por precisar de 
espaço amplo e bem cuidado para que ele se instale.

O amor tira de mim a armadura, 
pois não consigo controlar a vulnerabilidade que vem com ele; 
tira também a intransigência. 

O amor me ensina a negociar os prazos, 
a superar etapas, a confiar nos fatos. 
O amor tira de mim a vontade de desistir com facilidade, 
de ir embora antes de sentir vontade, de abandonar sem saber por quê. 

E é por isso que o amor me assombra tanto quanto delicia. 
Porque não posso ignorar a delícia que sinto quando estou sozinha. 
E também não posso fingir que quero estar sozinha quando 
o meu ser transborda vontade de companhia.

O amor me tira coisas que eu não gosto, 
coisas que eu talvez gostasse, mas me dá em dobro o que nunca tive: 
um enamoramento  por ele mesmo. 

O amor me tira aquilo que não serve mais e que me compunha antes. 
O amor tirou de mim tudo que era falta."

Marla de Queiroz
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