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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Teoria das Janelas Partidas



Em 1969, na Universidade de Stanford (EUA), o Prof. Phillip Zimbardo realizou uma experiência de psicologia social. Deixou duas viaturas abandonadas na via pública, duas viaturas idênticas, da mesma marca, modelo e até cor. Uma deixou em Bronx, na altura uma zona pobre e conflituosa de Nova York e a outra em Palo Alto, uma zona rica e tranquila da Califórnia. 
Duas viaturas idênticas abandonadas, dois bairros com populações muito diferentes e uma equipe de especialistas em psicologia social estudando as condutas das pessoas em cada local.

Resultou que a viatura abandonada em Bronx começou a ser vandalizada em poucas horas. Perdeu as rodas, o motor, os espelhos, o rádio, etc. Levaram tudo o que fosse aproveitável e aquilo que não puderam levar, destruíram. Contrariamente, a viatura abandonada em Palo Alto manteve-se intacta.

É comum atribuir à pobreza as causas de delito.
Atribuição em que coincidem as posições ideológicas mais conservadoras, (da direita e da esquerda). Contudo, a experiência em questão não terminou aí. Quando a viatura abandonada em Bronx já estava desfeita e a de Palo Alto estava há uma semana impecável, os investigadores partiram um vidro do automóvel de Palo Alto.

O resultado foi que se desencadeou o mesmo processo que o de Bronx, e o roubo, a violência e o vandalismo reduziram o veículo ao mesmo estado que o do bairro pobre. 
Por quê que o vidro partido na viatura abandonada num bairro supostamente seguro, é capaz de disparar todo um processo delituoso?
Não se trata de pobreza. Evidentemente é algo que tem que ver com a psicologia humana e com as relações sociais.

Um vidro partido numa viatura abandonada transmite uma ideia de deterioração, de desinteresse, de despreocupação que vai quebrar os códigos de convivência, como de ausência de lei, de normas, de regras, como o "vale tudo". Cada novo ataque que a viatura sofre reafirma e multiplica essa ideia, até que a escalada de atos cada vez piores, se torna incontrolável, desembocando numa violência irracional.

Em experiências posteriores (James Q. Wilson e George Kelling), desenvolveram a 'Teoria das Janelas Partidas', a mesma que de um ponto de vista criminalístico conclui que o delito é maior nas zonas onde o descuido, a sujeira, a desordem e o maltrato são maiores.
Se se parte um vidro de uma janela de um edifício e ninguém o repara, muito rapidamente estarão partidos todos os demais. Se uma comunidade exibe sinais de deterioração e isto parece não importar a ninguém, então ali se gerará o delito.

Se se cometem 'pequenas faltas' (estacionar em lugar proibido, exceder o limite de velocidade ou passar-se um semáforo vermelho) e as mesmas não são sancionadas, então começam as faltas maiores e logo delitos cada vez mais graves. Se se permitem atitudes violentas como algo normal no desenvolvimento das crianças, o padrão de desenvolvimento será de maior violência quando estas pessoas forem adultas.

Se os parques e outros espaços públicos deteriorados são progressivamente abandonados pela maioria das pessoas (que deixa de sair das suas casas por temor a criminalidade) , estes mesmos espaços abandonados pelas pessoas são progressivamente ocupados pelos delinquentes.

A Teoria das Janelas Partidas foi aplicada pela primeira vez em meados da década de 80 no metrô de Nova York, o qual se havia convertido no ponto mais perigoso da cidade. Começou-se por combater as pequenas transgressões: graffitis deteriorando o lugar, sujeira das estacões, alcoolismo entre o público, evasões ao pagamento de passagem, pequenos roubos e desordens. Os resultados foram evidentes. Começando pelo pequeno conseguiu-se fazer do metrô um lugar seguro.

Posteriormente, em 1994, Rudolph Giuliani, prefeito de Nova York, baseado na Teoria das Janelas Partidas e na experiência do metrô, impulsionou uma política de 'Tolerância Zero'.
A estratégia consistia em criar comunidades limpas e ordenadas, não permitindo transgressões à Lei e às normas de convivência urbana. O resultado prático foi uma enorme redução de todos os índices criminais da cidade de Nova York.

A expressão 'Tolerância Zero' soa a uma espécie de solução autoritária e repressiva, mas o seu conceito principal é muito mais a prevenção e promoção de condições sociais de segurança. Não se trata de linchar o delinquente, nem da prepotência da polícia, de fato, a respeito dos abusos de autoridade deve também aplicar-se a tolerância zero.

Não é tolerância zero em relação à pessoa que comete o delito, mas tolerância zero em relação ao próprio delito. Trata-se de criar comunidades limpas, ordenadas, respeitosas da lei e dos códigos básicos da convivência social humana.

Essa é uma teoria interessante e pode ser comprovada em nossa vida diária, seja em nosso bairro, na vila ou condomínio onde vivemos, não só em cidades grandes. 
A tolerância zero colocou Nova York na lista das cidades seguras. 

Esta teoria pode também explicar o que acontece aqui no Brasil com corrupção, impunidade, amoralidade, criminalidade, vandalismo, etc. 
Pense nisso!

(Via Edith Agnes Schultz)

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

A flor da pele



Seus pais foram jantar fora e deixaram o apartamento só para você, 
seu namorado e a tevê a cabo.
 

Que inconsequentes! 
Em menos de um minuto vocês deixam a televisão falando sozinha 
e vão ensaiar umas c
enas de amor no quartinho dos fundos. 

De repente, escutam o barulho da fechadura. 
Seu pai esqueceu o talão de cheques. Passos no corredor. 
Antes que você localize sua camiseta, sua mãe se materializa na porta. 
Parece que ela está brincando de estátua, 
mas não resta dúvida que entrou em estado de choque. 

Você diz o quê? Mãe, a carne é fraca. 
A desculpa é esfarrapada mas é legítima. 

Nada é mais vulnerável que nosso desejo. 
Na luta entre o cérebro e a pele, nunca dá empate. 
A pele sempre ganha de W.O. 

Você planeja terminar um relacionamento. 
Chegou à conclusão que não quer mais ter a seu lado uma pessoa distante, 
que não leva nada à sério, que vive contando piadinhas preconceituosas 
e que não parece estar muito apaixonado. 

Por que levar a história adiante? 

Melhor terminar tudo hoje mesmo. Marca um encontro. 
Ele chega no horário, você também. Começam a conversar. 
Você engata o assunto. Para sua surpresa, ele ficou triste. 
Não quer se separar de você. 
E para provar, segura seu rosto com as duas mãos e tasca-lhe um beijo. 

Danou-se. Onde foram parar as teorias, os diálogos que você planejou, 
a decisão que parecia irrevogável? Tomaram Doril. 
Você agora está sob os efeitos do cheiro dele, está rendida ao gosto dele, 
está ligada a ele pela derme e epiderme. 
A gravação do seu celular informa: 
seus neurônios estão fora da área de cobertura ou desligados. 

Isso nunca aconteceu com você? 
Reluto entre dar-lhe os parabéns ou os pêsames. 

Por um lado, é ótimo ter controle absoluto de todas as suas ações e reações, 
ter força suficiente para resistir ao próprio desejo. 

Por outro lado, como é bom dar folga ao nosso raciocínio e deixar-se seduzir, 
sem ficar calculando perdas e danos, 
apenas dando-se ao luxo de viver o seu dia de Pigmaleão. 
A carne é fraca, mas você tem que ser forte, é o que recomendam todos. 

Tente, ao menos de vez em quando, 
ser sexualmente vegetariano e não ceder às tentações. 

Se conseguir, bravo: terá as rédeas de seu destino na mão. 
Mas se não der certo, console-se. 

Criaturas que derretem-se, entregam-se, consomem-se e não sabem 
negar-se costumam trazer um sorriso enigmático nos lábios. 
Alguma recompensa há de ter.


Martha Medeiros

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Simplicidade

Valorizar o simples, o cotidiano, 
a luz que invade a sua mesa na primeira hora do dia,
as plantas que brotam inesperadamente. 
Enxergar os detalhes que cercam o seu lar pode ser a fórmula 
para ser feliz agora.
Numa tarde nublada do outono parisiense, 
designer holandesa Lidewij Edelkoort   
apresentou alguns desses conceitos, 
dessas vontades que ela batiza de “culturais”. 

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 1. O dom da luz 
A janela é um espaço privilegiado da casa. Ela emoldura a paisagem e funciona como uma ponte entre o que está dentro e o que está fora. Ela convida a sair e traz para a casa um pedaço do resto do mundo. Quando pensar em cortinas, não queira isolamento. Modelos pesados – como os de veludo vermelho do teatro – só são bem-vindos como um jeito inteligente de dividir ambientes, no interior da casa. Nas janelas, cortinas são cúmplices da luz, não seus algozes. Devem ser de fibra natural, para balançarem ao vento, como o vestido de uma criança correndo pelo corredor, depois de um banho fresco no meio de uma tarde de verão. A luz não é um detalhe: ela é a vida por completo. Deixe o sol da manhã acordá-lo, tocando de leve a sua pele. Sinta no seu corpo a alegria de estar vivo.




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 2. O cuidado dos outros 
Talvez você já tenha presenciado a cena de um reencontro de pessoas queridas em um aeroporto e, mesmo sem conhecer os envolvidos, tomado aquela alegria como sua. A explicação para esse sentimento: você faz parte da grande família dos homens. Cada vez que um idoso segurar um bebê no colo ou você tocar a barriga de uma mulher grávida, ou que a mão calejada de um homem segurar delicadamente a de um menino, você vai fixar essa cena em sua mente. Pense na sua família, nos seus amigos, na necessidade que cada ser carrega de trocar experiências e de entrar em contato. Não negligencie a conexão íntima, rústica, que não passa pela palavra. Valorize a simplicidade da amizade entre todos os espíritos – até mesmo com seu cachorro, com um gatinho de rua. Apaixone-se pelo ciclo da vida e compartilhe com o outro a essência desse modo de viver.



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 3. A beleza do inacabado 
Há milênios, os japoneses cultivam uma estética baseada na aceitação da transcendência e do eternamente inacabado. Concebida como a beleza do imperfeito, do impermanente e do incompleto, a filosofia wabi-sabi se expressa no ritual do chá, nos arranjos de ikebana, no exercício interminável de manter um jardim feito de pedrinhas e areia, na qual você desenha e redesenha com a ajuda de um ancinho. Mais do que o resultado final, é o ritual que importa. Amar o inacabado é aceitar que viver não se trata de atingir um objetivo – que, no fundo, a gente nunca chega lá. O que importa é o caminho. Celebre o assimétrico, o instável. Ninguém precisa recuperar o jardim zen que teve um dia para entrar em contato com essa filosofia. O desafio é construir seu jardim zen interno, espiritual. Encontrar o seu ritual eternamente inacabado, que não tenha nenhum objetivo maior a não ser fazer você feliz.


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 4. A ordem das coisas 


Você já percebeu como nossas casas estão cada vez menores? Mas pense bem: por que isso é ruim? Em menos cômodos há mais convivência. Estamos mais perto de quem amamos. Não é uma questão de espaço, mas de organização. Em uma casa menor, só cabe o que importa – então livre-se de tudo o que entulha a vida. Delete o supérfluo. Arquive as memórias. Seus móveis precisam servir para alguma coisa: tenha estantes, use gavetas, crie caixas. Ouse reciclar, acolha os materiais baratos – pense em papel kraft, em caixas de feira, em nichos de madeira. Nutra o hábito de classificar o essencial. Faça da organização um ritual de purificação – não uma penitência. Resuma. E, sobretudo, permita o vazio e o celebre. Ele é um convite à criação.



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 5. As habilidades das mãos 


Disponha um arsenal sobre a mesa: lápis, lã e agulha de tricô, uma xícara de farinha, um pedaço de tecido. Agora desafie suas mãos a escolher suas armas. Ao ataque: crie. Usar as habilidades das mãos dá sentido à vida. “Muitas vezes ouvi, e tenho certeza de que você também, pessoas dizerem “no dia em que eu tiver meu ateliê, vou pintar quadros”, ou então “vou fazer esculturas...”, diz Li. “Todos nós sabemos que não precisamos de nada disso. Simplesmente vá lá e faça.” Grandes criadores contemporâneos, como o arquiteto italiano Andrea Branzi, concebem móveis nos quais acoplam criações: gravuras, pinturas, esculturas que já vêm como parte de uma estante. Mas logo ao lado há um nicho, um espaço vazio, convidando a ser ocupado por você. Para que comprar, se você pode criar?


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 6. A cura pelas plantas 
Aprenda com as plantas a viver o momento presente. Amanhã a flor pode já ter murchado. Amanhã pode ser que não chova – ou que falte o sol. Aprenda com as plantas a não economizar experimentações. Viva o hoje intensamente. Aprenda a aceitar o eterno ciclo da mudança de estações como uma bênção. Receba cada fase como um novo começo – e não como um novo fim. Tenha em mente que é sempre possível replantar, mudar de terra. Celebre, numa simples mudança de jardineira, a promessa da terra nova. Os budistas dizem que, se pudéssemos perceber claramente o milagre que representa uma simples flor, nossa vida mudaria por completo. Contemple a vida em suas infinitas escalas – da planta inteira, raiz, caule e folhas, ao microcosmo de cada nervura de folha. Cerque-se de plantas, aprenda com elas. Acredite numa vida mais saudável e mais perto do natural, em que as plantas sejam acolhidas numa casa como seres e não como objetos.


 7. O sentimento de liberdade 
Vivemos uma era nômade, sonhamos com evasão. Queremos ter raízes – mas precisamos poder nos livrar delas de vez em quando. A mobilidade tornou-se uma urgência. Poder mudar permanentemente sua casa de lugar tornou- se o idílio do nosso tempo. “Nas minhas férias, conheci um jovem que viajava por uma rota de praias em seu coupé conversível, luxuoso”, conta Li. “A cada dia ele chegava a uma cidade diferente e instalava ao lado do carro uma minúscula tenda de campinng para uma única pessoa, onde passava as noites. No contraste de seu belo carro com esse estilo de vida de uma simplicidade fundamental, extrema, eu vi o sonho contemporâneo de liberdade.” O verdadeiro luxo de hoje em dia é poder ser livre. Dormir numa rede. Não seguir a moda. Desenvolver uma relação mais profunda com os objetos que estão em seu entorno, buscar o essencial. Ter uma vida portátil.


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 8. Assar o pão 
Do cheiro de pão no forno  emana a  promessa  de  um belo  dia  pela   frente.  Água,  farinha,  sal  e   fermento. Nenhum alimento  é mais simples. Nada pode ser mais essencial. Toque o relevo da casca, saboreie o barulho que ela faz ao ser partida com as mãos. Experimente a textura  do  miolo  que  se  desfaz  lentamente enquanto 
uma fumaça  suave  e  quase  transparente convida: me saboreie.   Ame  o cotidiano   com   o   mesmo      amor incansável com que  todas  as  manhãs    celebramos a nossa paixão pelo pão. Cultive pela   vida  esta mesma instigante e insaciável fome.






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 9. A alegria do lar 
No fundo, a ideia   é esta:   a    sensação   que você tem quando volta de  uma  longa  e cansativa  viagem.  Você deita na  sua  cama,  encosta  a  cabeça  no  travesseiro, coloca sua música preferida para tocar, fecha os olhos e constata: “enfim, em casa”.  Ao  seu  redor  estão    seus livros favoritos. Seus quadros favoritos.   Suas   comidas favoritas. Suas  favoritas.  Você vai andar de pijama. Vai beber leite.Vai cozinhar. Vai dormir debaixo de camadas e mais camadas do lençol  mais  macio que  tiver.   E vai almoçar no chão da sala –   se decidir assim. Pense nos seus sonhos de criança,   quando tudo o que você queria era  morar  numa  cabana  na  árvore.  O que você levaria para  lá? Seu  brinquedo preferido, sua comida preferida, seu amigo  preferido  –    e não muito além. É disso   que se trata  ter  uma casa,   um  refúgio  no   qual   você     se reconheça em todos os objetos  e  móveis.

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 10. Patchwork de culturas 

Um quimono e um turbante árabe. Uma louça chinesa sobre uma tapeçaria mexicana. O cocar de um índio brasileiro enfeitando uma máscara africana. Artefatos de todos os povos, de todas as épocas, contam as mesmas histórias de valentia, de valores, de respeito. Conectar culturas é celebrar o que existe de comum em toda a humanidade. Antes de os europeus chegarem às Américas, povos indígenas de norte a sul do continente desenvolveram o ikat, uma técnica de tecelagem feita a partir de fios retorcidos. Nunca foi possível identificar onde a tradição começou. Estampas semelhantes e técnicas idênticas surgiram em diferentes pontos do continente americano ao mesmo tempo. “O ikat é a metáfora perfeita das conexões que existem entre as culturas”, ensina Li. “A força espiritual que conecta as diferentes tradições. Um jeito nômade de descobrir conexões e celebrar as ligações invisíveis dos povos.”

Fonte: Revista Casa&Jardim
http://revistacasaejardim.globo.com/Revista/Common/0,,EMI287381-16802,00-CONFIRA+SEGREDOS+PARA+TER+UMA+CASA+FELIZ.html




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