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sábado, 16 de março de 2013

Uma rajada de ar fresco



De repente, o ar fica pesado.
É difícil se movimentar, decidir, encontrar uma  saída.
Como não há o que fazer, procuro o céu.
Abro a porta, a janela, os portões, levanto a cabeça
e miro lá em cima, no topo dos prédios.
Às vezes, encontro algumas nuvens ou 
uma estrelinha meio apagada, e respiro fundo.
O ar entra devagar pelas narinas, magicamente, leve e fresco.
Fecho os olhos.
Lembro das aulas do colégio: entra oxigênio e sai gás carbônico.
Inspiro renova'cão e expiro o que não quero mais.
Aos poucos, presto atenção nesse ato mecânico que nos mantêm vivos 
- respirar - e ele me  acalma.
Os barulhos ao redor desaparecem e é como se eu estivesse em 
um espaço só meu, verde e iluminado.
Ali, as coisas voltam,  cada uma para o seu lugar.
A liberdade retorna.
E os problemas não desaparecem, 
mas deixam de ser monstros invencíveis.
Quando alguém, me vir parada, olhando para cima,
pode saber: não estou Ali.
Estou em algum outro espaço, tranquilo e claro, cheio de ar fresco.
Um local onde tudo está parado,em um tempo eterno.
Às vezes, encontro nesse passeio alguma perola  ou joia valiosa, 
como a certeza de que tudo vai dar certo ou 
a réstia  de paz que havia perdido.
Na volta, 
resgato do esquecimento um sorriso que há muito tempo não vestia.
É  que parar e respirar é meu ritual particular para 
me livrar das dificuldades e ser feliz.

Rita Loiola

sexta-feira, 8 de março de 2013

Mulheres




O ser humano nasce pronto, mas incompleto.
Essa incompletude se resolve na vida e nas relações sociais. 
Ser mulher, assim como ser homem, mais do que um fator biológico, 
é um fenômeno social. 
Não somente os papéis sociais, mas a própria subjetividade se compõe 
a partir de modelos que se fazem e desfazem de acordo com a época, 
a cultura, a idade, a necessidade.

O mal que a sociedade fez, a nós mulheres, assim como fez aos homens, 
foi a imposição de um único papel social, de um único modelo. 
Ao contrário dos gregos que, mesmo sendo bastante opressora com as mulheres, 
as representavam em papéis muito distintos, como a guerreira, a mãe, 
a esposa ciumenta, a mística, a sedutora, etc, nos foi dado um lugar restrito, 
confinado, sem opção, o lugar de santa, dona de casa, esposa casta, mãe. 
Mas e o lugar dos homens era um bom lugar?

O homem, mesmo ocupando o papel de opressor, 
também sofria a restrição de um papel social excessivamente rígido: 
homens não choram, são provedores da família, têm que ser viris, etc. 
E a luta das mulheres, ao contrário de ser contra os papéis sociais opressores, 
se tornou, em uma determinada perspectiva, contra os homens.

Ainda permanece nas lutas que travamos um ranço, uma reatividade, 
uma vingança, não somente contra os homens, mas contra a maternidade, 
os trabalhos domésticos, o cuidados com os filhos, a fragilidade, a sensibilidade, 
ou tudo que nos lembre aquilo que um dia fomos.

E terminamos nos tornando um ser híbrido, que nasceu não de uma ação, 
mas de uma reação, um ser que nega a si mesmo, nega seu corpo, 
seus hormônios, suas lágrimas pré menstruais, 
e busca cada vez mais conquistar espaços sociais, honras, 
que nunca fizeram felizes aos homens e hoje oprime
e apaga mulheres cada vez mais sozinhas e poderosas. 
Que percebem, tarde demais, devido ao limite de nosso relógio biológico, 
que não era nada daquilo que queriam.

Quem somos mulheres de hoje?
 Mulheres cada vez mais independentes,
 mas talvez excessivamente independentes, 
ou oprimidas pela independência. 

Por isso mulheres maravilhosas, incríveis, criativas, fantásticas, belas, 
mas sozinhas, aprisionadas por um plano, um projeto de vida construído 
em reação a opressão a que fomos submetidas. 

A hora agora nos exige um novo passo: não se trata mais de tomar um lugar, 
mas de criá-lo: qual o lugar de nossa diferença, qual o lugar que nos faz florescer? 
Precisamos construir um espaço que nos caiba e este espaço 
deve ser necessariamente complexo, como nosso corpo, nossa potencialidade. 

A mulher expande pra dentro, 
mas também explode pra fora em forma de broto, filho criação, invenção.

Viviane Mosé

sábado, 2 de março de 2013

Além do Olhar




Quando os olhos vêem

O que ninguém mais vê
Imagens aparecem
Mesmo sem querer...

Quando cada sonho
Se torna real
E tudo que acontece
É sempre um aviso
Um sinal...

Se um dom especial
É dado prá alguém
É prá ajudar o bem
Na luta contra o mal...

É como a luz do sol
Que toca um cristal
E em sete cores
Mostra assim
Que tudo é natural...

É como o som do mar
Que vem nos alcançar
Prá nos mostrar o amor
O amor que existe
Além do olhar...

Longe da razão
O fogo da paixão
Arde o universo
Queima meu coração...

Passado ou futuro
Junto com você
Eu te sinto
Em todo o mundo
E nas estrelas
Posso ver..

Se um dom especial
É dado prá alguém
É prá ajudar o bem
Na luta contra o mal...

É como a luz do sol
Que toca um cristal
E em sete cores
Mostra assim
Que tudo é natural...

É como o som do mar
Que vem nos alcançar
Prá nos mostrar o amor
O amor que existe além do olhar
O amor que existe além do olhar...

(Ivo Pessoa)
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