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sábado, 29 de outubro de 2011

O que é a Lenda Pessoal para cada um de nós?



- É a benção que você recebe, o caminho que a força Divina escolheu para você aqui na Terra.
Sempre que um ser humano faz aquilo que lhe dá entusiasmo, está seguindo a sua Lenda.
Acontece que nem todos têm coragem de enfrentar-se com os próprios sonhos.

- Por que razão?

- Existem quatro obstáculos. O primeiro: ele escuta, desde criança, que tudo o que desejou
viver é impossível. Cresce com essa idéia, e a medida que acumula anos, acumula também
camadas de preconceitos, medos, culpas.
Chega um momento em sua Lenda Pessoal em que ela está tão enterrada em sua alma,
que ele não mais consegue mais vê-la. Ela permanece ali...

Se ele tem coragem de desenterrar seus sonhos, então acaba enfrentando o segundo obstáculo:
o amor. Já sabe o que deseja fazer, mas pensa que irá ferir aqueles que estão à sua volta,
se largar tudo para seguir os seus sonhos.
Não entende que o amor é um impulso extra, e não algo que o impede de seguir adiante.
Não entende que aqueles que realmente lhe desejam bem, estão torcendo para que seja feliz,
e estão prontos para acompanhá-lo nesta aventura.

Depois de aceitar que o amor é um estímulo, o homem está diante do terceiro obstáculo:
o medo das derrotas que irá encontrar em seu caminho.
Um homem que luta pelo seu sonho, sofre muito mais quando algo não dá certo,
porque não tem a famosa desculpa: "ah, na verdade eu não queria bem isso..."
Ele quer, sabe que ali está apostando tudo, e sabe também que o caminho da Lenda Pessoal
é tão difícil como qualquer outro caminho - com a diferença que nesta jornada está o seu coração.
Então, um guerreiro da luz precisa estar preparado para ter paciência nos momentos difíceis,
e saber que o Universo está conspirando ao seu favor, mesmo que ele não entenda.

- As derrotas são necessárias?

- Necessárias ou não, elas acontecem. Quando começa a lutar por seus sonhos,
o ser humano não tem experiência, e comete muitos erros.
Mas o segredo da vida é cair sete vezes, e levantar-se oito.

- Por que é tão importante viver a Lenda Pessoal, afinal de contas,
se vamos sofrer mais do que os outros?

Pra quê esse sofrimento?

- Porque, depois de superada as derrotas - e sempre as superamos - nos sentimos
com muito mais euforia e confiança. No silêncio do coração, sabemos que estamos
sendo dignos do milagre da vida. Cada dia, cada hora, é parte do Bom Combate.
Passamos a viver com entusiasmo e prazer.
O sofrimento muito intenso e inesperado termina passando mais rápido que o sofrimento
aparentemente tolerável: este se arrasta por anos, e vai corroendo nossa alma sem que
percebamos o que está acontecendo - até que em um dia já não podemos nos livrar
da amargura, e ela nos acompanha o resto de nossas vidas.

- E qual seria o quarto obstáculo?

- Depois de desenterrar o seu sonho, usar a força do amor para apoiá-lo,
passar muitos anos convivendo com as cicatrizes, o homem nota - do dia para a noite -
que o que sempre desejou está ali, a sua espera, talvez para acontecer no dia seguinte.
Então vem o quarto obstáculo: o medo de realizar o sonho pelo qual lutou toda a sua vida.

- Isso não faz o menor sentido.

- Oscar Wilde diria: "a gente sempre destrói aquilo que mais ama".

E é verdade. A simples possibilidade de conseguir o que se deseja faz com que a alma
do homem comum encha-se de culpa. Ele olha a sua volta, e vê que muitos não conseguiram,
e então acha que não merece. Esquece tudo o que superou, tudo que sofreu,
tudo que teve que renunciar para chegar até onde chegou.
Conheço muita gente que, ao ter a sua Lenda Pessoal ao alcance da mão,
fez uma série de bobagens e terminou sem chegar até seu objetivo 
quando faltava apenas um passo.

Este é o mais perigoso dos obstáculos, porque tem uma certa aura de santidade:
renunciar à alegria e à conquista.

Mas se o ser humano entende que é digno daquilo pelo qual lutou tanto,
ele então se transforma num instrumento da força Divina,
ajuda a Alma do Mundo, e entende o porquê está aqui.

domingo, 23 de outubro de 2011

Os Estatutos do Homem







Artigo I
Fica decretado que agora vale a verdade.
agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.


Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.


Artigo III
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.


Artigo IV
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.


Parágrafo único:
O homem, confiará no homem
como um menino confia em outro menino.


Artigo V
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.


Artigo VI
Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.


Artigo VII
Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.


Artigo VIII
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.


Artigo IX
Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha
sempre o quente sabor da ternura.


Artigo X
Fica permitido a qualquer pessoa,
qualquer hora da vida,
uso do traje branco.


Artigo XI
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã.


Artigo XII
Decreta-se que nada será obrigado
nem proibido,
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.


Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.


Artigo XIII
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.


Artigo Final.
Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.
 

Thiago de mello 
Santiago do Chile, abril de 1964 

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

E se a vida fosse uma estrada


Cada um de nós caminha pela vida como se fosse um viajante que percorre uma estrada.
Há os que passam pouco tempo caminhando e os que ficam por longos anos.
Há os que veem margens floridas e os que somente enxergam paisagens desertas.
Há os que pisam em macia grama e os que ferem os pés em pedras pontudas e espinhos.
Há os que viajam em companhias amigas, assinaladas por risos e alegria.
E há os que caminham com gente indiferente, egoísta e má.

Há os que caminham sozinhos - inclusive crianças - e os que vão em grandes grupos.
Há os que viajam com pai e mãe. E os que estão apenas com os irmãos.
Há quem tenha por companhia marido ou esposa.
Muitos levam filhos. Outros carregam sobrinhos, primos, tios.
Alguns andam apenas com os amigos.

Há quem caminhe com os olhos cheios de lágrimas e há os que se vão sorridentes.
Mas, mesmo os que riem, mais adiante poderão chorar.
Nessa estrada, nunca se conheceu alguém que a percorresse inteira sem derramar uma lágrima.
Pela estrada dessa nossa vida, muitos caminham com seus próprios pés.
Outros são carregados por empregados ou parentes.
Alguns vão em carros de luxo, outros em veículos bem simples.
E há os que viajam de bicicleta ou a pé.

Há gente branca, negra, amarela.
Mas se olharmos a estrada bem do alto, veremos que não dá para distinguir ninguém: todos são iguais.
Há gente magra e gente gorda.
Os magros podem ser assim por elegância e dieta ou porque não têm o que comer.
Alguns trazem bolsas cheias de comida. Outros levam pedacinhos de pão amanhecido.
Muitos gostam de repartir o que têm. Outros dão apenas o que lhes sobra.
Mas muita gente da estrada nem olha para os viajantes famintos.

Há pessoas que percorrem a estrada sempre vestidas de seda e cobertas de joias.
Outros vestem farrapos e seguem descalços.
Há crianças, velhos, jovens e casais, mas quase todos olham para lugares diferentes.
Uns olham para o próprio umbigo, outros contemplam as estrelas,
alguns gostam de espiar os vizinhos para fofocar depois.
Uma boa parte conta o dinheiro que leva e há os que sonham que
um dia todos da estrada serão como irmãos.
Entre os sonhadores há os que se dedicam a dar água e pão,
abrigo e remédio aos viajantes que precisam.

Há pessoas cultas na estrada e há gente muito tola.
Alguns sabem dizer coisas difíceis e outros nem sabem falar direito.
Em geral, os sabichões não gostam muito da companhia dos analfabetos.

O que é certo mesmo é que quase ninguém na estrada está satisfeito.
A maioria dos viajantes acha que o vizinho é mais bonito ou viaja de forma bem mais confortável.
É que na longa estrada da vida, esquecemos que a estrada terá fim.

E, quando ela acabar, o que teremos?
Carregaremos, sim, a experiência aprendida durante o
tempo de estrada e estaremos muito mais sábios,
porque todas as outras pessoas que vimos no caminho nos ensinaram algo.

A estrada de nossa existência pode ser bela, simples, rica, tortuosa.
Seja como for, ela é o melhor caminho para o nosso aprendizado.
Deus nos ofereceu essa estrada porque nela se encontram as pessoas e situações mais adequadas para nós.

Assim, siga pela estrada ensolarada. Procure ver mais flores.
Valorize os companheiros de jornada, reparta as provisões com quem tem fome.
E, sobretudo, não deixe de caminhar feliz, com o coração em festa,
agradecido a Deus por ter lhe dado a chance de percorrer esse caminho de sabedoria.


Redação do Momento Espírita

terça-feira, 11 de outubro de 2011

A criança interior

 
 
A Criança Interior é uma poderosa presença. 
                                           Vive no centro do nosso Ser. 

Imagina uma criança que começa a andar; saudável, alegre, feliz. 
Ao visualizar esta imagem na tua mente, sente a sua vitalidade. 
Com grande entusiasmo, explora continuamente o seu ambiente. 
Conhece as suas emoções (sensações) e exprime-as abertamente. 
Quando se magoa, chora, Quando está zangada, grita. 
Quando está contente, sorri ou ri às gargalhadas a partir do mais profundo seu ser. 
Esta criança é também altamente sensível e instintiva. 
Sabe em quem confiar ou não confiar. 
Gosta de brincar e fazer descobertas. 
Cada momento é novidade e maravilha. 
Das suas brincadeiras emana uma criatividade e vitalidade inesgotável.
 

À medida que o tempo passa, a criança começa a ter que prestar cada 
vez mais atenção às pretensões dos adultos. 
A voz dos “crescidos”, com as suas “necessidades” e vontades, 
começam a afogar a voz interior e os instintos da criança. 
De forma cada vez mais vigorosa, pais e professores impõe as suas leis, dizendo: 
“Não é assim”, 
“Não exprimas o que sentes”, 
“Não se diz”, 
“Não se faz”; 
“Faz o que nós dizemos”, 
“Nós, é que sabemos”. (deves esconder o que sentes, mentir...).
 


Com o decorrer do tempo, as verdadeiras qualidades que dão à criança 
a sua vitalidade, curiosidade, espontaneidade, capacidade de sentir 
e exprimir o que sente, são votadas ao esquecimento. 
No processo de “crescimento” e “disciplinamento”, 
“adestramento” e “educação” os adultos transformam 
a criança num previsível adulto. 

Ao erradicar a “vulnerabilidade da criança” 
(em simultâneo com a sua falta de autocontrole) 
danificam severamente o seu Eu Essencial. 
O Mundo dos adultos, não é um lugar seguro para crianças. 
Por razões de sobrevivência, o adolescente sepulta bem fundo 
e fecha às sete chaves o seu delicioso espírito de criança. 
A Criança Interior nunca crescerá e nunca irá a lado nenhum. 
Permanecerá Enterrada Viva, esquecida, 
na esperança de um dia ser liberta.
 

A Criança Interior procura constantemente chamar a nossa atenção, 
mas a maior parte dentre nós, recusa-se a ouvir 
ou esqueceu-se de como fazê-lo. 
Quando ignoramos os nossos verdadeiros sentimentos 
e intuições íntimas, 
estamos a ignorar a nossa Criança Interior. 
Quando abdicamos de alimentar o nosso corpo e a nossa alma, 
negligenciamos a Criança Interior. 
Quando na nossa conversa interior recusamos determinadas ideias 
que nos fariam prazer ou emoções de que gostaríamos, 
com o pretexto de que não são racionais, coisas que os adultos não fazem,  
estamos a abandonar a nossa Criança Interior. 
Por exemplo, ao sentir um impulso para saltar de alegria no parque 
ou chorar sem reserva a perda de um amigo. 
Isso é a Criança Interior a tentar mostrar-se.
 

Mas quando o “adulto” (adulterado?) em nós diz: 
“Não, não podes fazer isso! Um homem não chora. 
Controla-te”. Então A Criança Interior continua na penitenciária.
 

Quando a Criança Interior está prisioneira, 
é como termos sido roubados da nossa espontaneidade
e centelha de vida. Somos Um Corpo Sem Alma. 
Isso poderá levar a uma séria perda de energia, 
a uma doença crônica ou grave. 

Quando a Criança Interior é ignorada separamo-nos dos outros. 
Eles nunca saberão quais são os nossos verdadeiros sentimentos, 
nunca conseguirão saber quem realmente somos. 
Isso tornará impossível qualquer relação verdadeiramente íntima. 
Nunca conseguiremos conhecer-nos. 
Que tragédia! 
Que perda!


  “Para sermos de novo um Ser Humano completo, a Criança Interior deve ser resgatada, abraçada e amada.”

Post original em:
http://kardeconline.ning.com/profile/MomentoEspirita?xgs=1&xg_source=msg_share_user
 

Quando as fronteiras deixam de existir..



Quando consigo ultrapassar as fronteiras da minha mente
empobrecida pelos conceitos limitados do mundo,
olho a vida com os olhos da minha alma,
e percebo assim,
que o Universo não tem início,
nem meio, nem fim...

Uma vez deposta essa fronteira da limitação dos meus sentidos,
posso ouvir o som da vida pulsando no coração do outro,
que por muitas vezes está escondido sob a máscara da conveniência social.

Calmamente, posso me aproximar de um outro ser,
 percebendo que nele também existe um Universo imerso em sua alma,
onde me vejo nos seus olhos e sinto meu coração pulsar no mesmo ritmo que o dele.

A vida se torna mais colorida.
A música se faz. O som é criado pelas linhas da harmonia,
que só pode existir quando todos os limites são ultrapassados
e deixam de ter um sentido temporal.

O tempo, fronteira do medo, deixa de existir.
Essa é a linguagem da alma.

Uma linguagem de liberdade, de luz e de amor,
que não conhece distância,
nem raça, nem cor e nem credo,
mas que vê o princípio em tudo e o todo sendo um só.

A alma não conhece fronteiras,
para ela não existe o limite,
pois seu sentido de existência,
o amor,
é tão infinito quanto o próprio Universo.

Sandra Baptista

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A cobra e o vagalume


http://www.bispomacedo.com.br/files/2011/10/vagalumeserpenteok.jpg


Conta a lenda que certa vez uma serpente 
começou a perseguir um vaga-lume.
Este fugia rápido, com medo da feroz predadora, 
e a serpente nem pensava em desistir.

Fugiu um dia e ela não desistia, dois dias e nada...
 
No terceiro dia, já sem forças, o vaga-lume parou e disse a serpente:
—Posso lhe fazer três perguntas?
—Não costumo abrir esse precedente a ninguém, 
mas já que vou te devorar mesmo, pode perguntar...

—Pertenço a sua cadeia alimentar?
—Não.

—Eu te fiz algum mal?
—Não.

—Então, por que você quer acabar comigo?
—Porque não suporto ver você brilhar…

Muitas vezes não entendemos as perseguições sem precedentes, 
as implicâncias, as mentiras etc.

Mas aí está uma das razões...
Simplesmente não suportam nos ver brilhar!!!

Pense nisso ao enfrentar seus inimigos!!

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O que possuímos




É interessante notar como desejamos, no mundo,
tantas coisas, que nos parecem imprescindíveis.

Quantas vezes, em meio às tarefas que nos cabem,
na oficina de trabalho, não desejamos um emprego melhor?

Pois é. Gostaríamos de um melhor ambiente de trabalho,
um chefe menos rigoroso, uma carga horária menor, um salário maior.

No entanto, centenas de pessoas anseiam somente por ter um emprego.
Qualquer que fosse. Um salário mínimo, ao menos, para saírem da penúria total.

Quantas vezes reclamamos dos pratos servidos no almoço e no jantar?
Sempre a mesma coisa. Parece que a cozinheira está desprovida de idéias ou anda com preguiça.

Entretanto, enquanto almejamos pratos mais sofisticados e variados,
milhares, no mundo todo, desejam apenas um prato de comida.

Olhamo-nos no espelho e reclamamos da cor dos olhos.
Como seria bom se tIvéssemos olhos claros.
Ou escuros. Mais esverdeados.

Contudo, inúmeras criaturas aguardam simplesmente a oportunidade de enxergar.
Anseiam por uma córnea, uma cirurgia que os libere da cegueira em que se encontram.

Encantamo-nos com as vozes do cantor, do locutor e desejaríamos ter uma voz bonita, cristalina.
Ou encorpada, máscula.

Ao nosso lado, porém, caminham muitos que desejariam apenas ter a ventura de falar,
em qualquer tom.

Pensamos, olhando nossos pais, que seria muito bom se eles fossem mais esclarecidos,
tivessem diplomas universitários, conhecessem o mundo.

Tivessem, enfim, uma visão mais ampla do mundo.

Seria tão bom! Mas, em nosso mesmo bairro,
existem dezenas de pessoas que almejariam simplesmente ter pais.

Fossem eles iletrados, analfabetos, pobres de entendimento.
Mas que estivessem ao seu lado para amá-los.

Reclamamos da rua barulhenta em que se situa a nossa casa,
do cachorro do vizinho que late toda noite, perturbando-nos o sono.

Desejaríamos silêncio. Um bairro tranqüilo, cães disciplinados, ruas sem trânsito.
Muito silêncio para nossa leitura, nosso descanso, nosso lazer.

Nem nos damos conta que centenas de criaturas almejam ardentemente, simplesmente ouvir.
O que quer que seja. O ruído do trânsito, o apito das fábricas, a gritaria da criançada.

Qualquer coisa, contanto que pudessem ouvir.

Olhamos, com olhos de desejo, as vitrinas abarrotadas de sapatos lindos.
Modelos recém chegados. Lançamentos.

Gostaríamos tanto que nosso orçamento nos permitisse comprar um novo par.
Afinal, os nossos já andam um pouco gastos e fora de moda.

Enquanto olhamos para nossos pés, desejando novos sapatos,
muitos contemplam os próprios membros inferiores,
desejando apenas ter pés.

Pensamos num carro novo, mais confortável.
Um carro com porta-malas maior, que caiba mais coisas.

Enquanto isso, bem próximo de nós, muitos apenas sonham com a possibilidade
de se locomover de um lado a outro com as próprias pernas.

É justo sonhar. É bom desejar melhorar o padrão de vida.
Isto faz parte do progresso do ser humano.

Entretanto, que esses anseios não se constituam em nossa infelicidade.
Não esqueçamos de valorizar o que já temos.

Valorizemos a possibilidade de andar, ouvir, enxergar,
de nos locomover de um a outro lado,
por nossa própria conta.

Agradeçamos o emprego que nos permite o atendimento das nossas necessidades.

Sejamos gratos pela nossa família, pequena ou grande. Ilustrada ou não.

Agradeçamos, enfim, a Deus, pelo dom da vida. Por estar na terra, abençoada escola.

Por respirar, por poder abraçar, por ter a quem abraçar.

Agradeçamos simplesmente, por viver este dia.


Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita.
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