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segunda-feira, 6 de junho de 2011

Canção da Plenitude




Não tenho mais os olhos de menina
nem corpo adolescente,e a pele
translúcida há muito se manchou.

Há rugas onde havia sedas, sou uma estrutura
agrandada pelos anos e o peso dos fardos
bons ou ruins.
Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.

O que te posso dar é mais que tudo
o que perdi: dou-te os meus ganhos.

A maturidade que consegue rir
quando em outros tempos choraria,
busca te agradar
quando antigamente quereria
apenas ser amada.

Posso dar-te muito mais do que beleza
e juventude agora: esses dourados anos
me ensinaram a amar melhor, com mais paciência
e não menos ardor, a entender-te
se precisas, a aguardar-te quando vais,
a dar-te regaço de amante e colo de amiga,
e sobretudo força — que vem do aprendizado.

Isso posso te dar: um mar antigo e confiável
cujas marés — mesmo se fogem — retornam,
cujas correntes ocultas não levam destroços
mas o sonho interminável das sereias.



LYA LUFT 

Um comentário:

  1. Querida Janete,

    Esse poema é muito bonito e mostra que, embora percamos, na aparência, o frescor da juventudo, o passar dos anos nos presenteia com a serenidade da experiência.

    Beijos,

    Guta

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